Aldo Brizzi - LaraSara
Lara sacode a lagoa
e no balanço das ondas
a camiseta translúcida
sobre os seios ressalta gotas.
Como linha de seda, Lara,
apenas se inclina, lançando um olhar,
e sai das águas para a margem.
Lara corre na areia
e num balanço de seda,
entre os seios,
apenas uma linha.
No brilho dos olhos
o vento sopra prazer
Lara contempla Sara:
a saia que cobre as coxas,
a sombra que esconde as marcas.
Os olhos de Lara reluzem,
e ela se vê na outra,
espelho do mundo e do além,
do corpo e da alma.
Sara observa o vento
levantar sua saia:
reluzem firmes as coxas
que se fecham uma contra a outra.
E ao cair, a seda sublinha
marcas de unhas,
margens do oculto.
Sara levanta,
sacode a saia:
os lábios de seda,
fechados um contra outro,
se abrem sorridentes
no balanço do vento.
Gotas de água de Lara
reluzem nos olhos de Sara
Sara levanta a saia:
as coxas se abrem obedientes
ao raio dos olhos de Lara
que contempla as marcas
do corpo e da alma de Sara.
Espelho de leis misteriosas,
o desejo é a origem da idéia.
Lara contempla a beleza,
o corpo, o arquétipo, a idéia.
Sara queima no encanto,
o poema se torna um corpo nu:
recamado de joias,
jaz vencido,
as palavras se olham e se tocam.